Roteiro Homilético: 1º Domingo do Advento-B

Roteiro Homilético: 1º Domingo do Advento-B

Por Diác. Ir. Paulo Henrique, NJ*

 

Neste Domingo iniciamos um novo tempo na Igreja: o Tempo do Advento. “O Tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltem-se os corações para a expectativa da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos” (NALC 39). É o início do ano litúrgico para nós cristãos católicos. Com a Igreja, passaremos a celebrar todo o evento salvífico de Deus na sua Palavra que dá início agora pelas leituras dos profetas que anunciam essa Salvação que vem de Deus.

Como tema central deste Domingo podemos afirmar que Deus é o nosso Pai e Ele vem como nosso Redentor.

I LEITURA: Is. 63, 16b-17.19b; 64, 2b-7

O texto que nos é proposto nessa 1º leitura é parte de uma oração feita num mommento difícil do povo de Israel, que entre dores e esperanças reconhece a ação bondosa de Deus, recordando os seus benefícios àqueles que não mereciam por causa de seus pecados.

Entre lamentações e gemidos, se faz apelo a Paternidade de Deus como o pai, fonte da vida familiar, que reúne os filhos dispersos, manifestando uma relação de intimidade quebrada pelas ações impiedosas do povo.

As diversas exclamações do autor querem expressar os anseios profundos por uma intervenção libertadora do Altíssimo. Elas estão cheias de esperanças, mas tambem é um desabafo à demora de Deus. Também elas são uma profissão de fé nas tantas interveções que já realizara aos seus antepassados como, por exemplo, a libertação do povo das mãos do Faraó. É também um fundamento da esperança que Deus fará nova intervenção naquele momento de provação em que o povo está passando.

Observamos que autor expresa bem a impossibilidade do retorno a Deus sem que Ele manifeste sua piedade tomando a iniciativa na salvação, por isso é chamado de Redentor (aquele membro da família que realiza o resgate de outro membro feito escravo ou que se vinga de um parente assassinado).

Ao final, o profeta relembra que Deus é o nosso Pai e que somos obras de suas mãos, confessando sua fé e sua confiança afetuosa no Deus, que diferente dos outros, não abandona os seus.

II LEITURA: I Cor 1, 3-9

Na segunda leitura deste Domingo, Paulo escreve iniciando com uma saudação generosa de bens espirituais: a Graça e a Paz, frutos provenientes da benevolência divina e dos dons messiânicos cuja a raiz é Deus Pai e Jesus Cristo.

Paulo expressa no início sua relação íntima e carinhosa com Deus e seu Filho Jesus, reconhecendo a abundância de graças concedidas a todos por meio de Cristo. Nos adverte que não podemos colocar nossa confiança na suficiência humana, mas nos dons de Deus que recebemos segundo os méritos de Jesus e não nossos.

Esses dons são pricipalmente o da Palavra, que seria a pregação do Evangelho, e do conhecimento, que seria a graça da compreensão profunda da mensagem evangélica, frutos da adesão marcada pelo testemunho que damos sobre a ação do Cristo em nossas vidas.

Aqui o Apóstolos enfatiza que a necessidade da espera confiante é fator decisivo no retorno gloriosos de Jesus Cristo. Deus é fiel e dará fidelidade e perseverança a todo aquele que buscá-lo com sinceridade e por uma vida irrepreensível.

O cristão é chamado continuamente a participar da filiação do Filho numa união de vida com Ele, Senhor de tudo e de todos, expressando sempre a base da conduta cristã que é a fé a esperança e a caridade.

EVANGELHO: Mc 13, 33-37.

No Evangelho temos o final do Discurso Escatológico de Jesus: é como um resumo de todo esse mesmo discurso, mas que Jesus quer enfatizar bem o tema da vigilância como uma necessidade a todos. Aqui o Senhor se dirige não só aos discípulos, mas a todos os seus seguidores e em particular ao “porteiro” que tem uma responsabilidade maior.

Esse “porteiro” é alguém que tem uma função de dirigente na comunidade. É ele que deveria distinguir o tempo da volta do Senhor e, por isso, não poderia vacilar. Dessa forma poderia estar preparado para a chegada dos tempos messiânicos.

Jesus já havia falado outras vezes sobre a vigilânia, mas agora é necessaráio talvez por que a comunidade estivesse esfriando ou se acomodando. Essa vigilância parece ser não só esperando, mas também trabalhando, vivendo uma vida normal porém sempre atento aos sinais de Deus, por isso, se fala que ele deu tarefas aos seus empregados.

O retorno do dono parece acontecer até nas horas inconvenientes à chegada de alguém, exemplo: meia noite, expressando assim um cuidado redobrado na vigilância à espera do Senhor.

A frase final quer expandir o dever da vigilância para todo o seguidor, vigilância essa que se traduz numa vida de oração, fé, sobriedade, caridade e na luta contra o mal.

Sendo Deus nosso Pai e Redentor poderíamos ter a idéia de que somos imbatíveis ou imperecíveis sob o olhar providencial do Senhor, mas não é isso que verificamos nas leituras deste Domingo. O profeta recorda que são as nossas situações de desesperos que nos recordam a ação bondosa de Deus e nos faz reconhecer mais ainda nossa condição de necessitados do favor divino.

Também nos apresenta a salvação como uma iniciativa Divina; daí que a segunda leitura quer nos apresentar Jesus como manifestação de Deus que olhou para a humanidade ao ponto de participar dela resgatando a sua dignidade filial em Cristo, nos assegurando confiança até o desprendimento e disponibilidade para Ele.

Assim somos chamados a uma atitude de abandono numa vida totalmente desprendida de nossos interesses pessoais, de modo a ficarmos sempre atentos e não dormirmos no serviço que nos foi confiado. Para isso, precisamos ter uma rigorosa atenção a sua ordem de vigilância não deixando de enxergar sua Paterna e Redentora ação em nossas vidas.

 

* Graduado em Filosofia e Teologia pela Faculdade Católica de Fortaleza. Atualmente é diácono e prepara-se para ser ordenado presbítero ainda este ano.

 

 

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