“ O Bom Pastor dá a Vida por suas Ovelhas”
Por Ir. Rita Paixão, NJ*
Evangelho: Jo,10, 11-18
A Bíblia nasceu de um povo enraizado na vida pastoril (Gn 49,24; Sl 23; 78, 52-53; 95,7…“). Eu sou o bom Pastor”. Essa nova auto proclamação figurativa; vem apresentar o bom Pastor, aquele que empenha sua vida para defender suas ovelhas, ao contrário do mau pastor que foge quando se apresenta um animal para atacar o rebanho. João nessa apresentação do pastoreio, faz oposição aos maus pastores mencionados em (Ez 34,11-16) e outros texto bíblicos, denunciam o descaso dos pastores malvados e anunciam que Deus mesmo assumirá o pastoreio do seu povo. João apresenta Jesus como pastor exemplar, cuidadoso, preocupado e bom, capaz de oferecer sua vida pelas ovelhas. Esta sua qualidade se contrapõe antes, as pessoas que parecem pastores e não o são. Jesus como Bom Pastor tem essa característica: o conhecimento mútuo das ovelhas e a doação da vida para as mesmas.
“Tenho ainda outras ovelhas que não são deste pasto”. No nível da narrativa que se encontra em João, Jesus está falando à pessoa que vem do judaísmo. Atualizando esta frase, “…outras ovelhas…” percebemos que são todos os que escutam a voz do único e verdadeiro Pastor, Jesus, Messias Salvador. Podemos ver ainda Jesus aprofundando o mistério do amor do Bom Pastor e sua fidelidade. A fonte desse amor é o Pai. Este ama Jesus e Jesus ama os que são do Pai, ao ponto de dar sua vida por eles. Eis aqui o convite para todos os pastores: mergulhar no amor infinito do Pai e serem também bons pastores em Cristo ressuscitado.
1ª leitura: At 4,8-12
Estamos diante de um discurso de Pedro perante o Sinédrio; o Supremo Tribunal da época, o mesmo que condenou Jesus a morte. De réu, Pedro torna-se acusador da corrupção dos poderosos que destroem o povo. Pedro afirma que Jesus não só está vivo, mas que é o único Senhor e Salvador de todos. O nome de Jesus é o tema central do discurso de Pedro e este está acima de qualquer outro nome. É por meio deste nome que todos somos salvos, pelo poder e autoridade que ele tem, para resgatar todas as coisas. Esta verdade é confirmada na profecia de Isaias, (Is 28,16): “Vede, eu coloco…uma pedra…preciosa, na qual se apoiarão todas as coisas”. Assim, é por meio de sua Paixão que Jesus se torna a pedra angular.
2ª leitura: I Jo 3,1-2.
João em sua carta apela à comunidade a viver como filhos de Deus, onde esse viver implica a prática da justiça e, por conseguinte esta prática conduz o viver em sintonia com o projeto do Pai, que se encerra no amor divino. Para João, o cristão deve sempre está em comunhão com o Pai e o Filho Jesus, pois, somos filhos e não escravos.
Pistas para reflexão:
A liturgia deste domingo nos convida a refletir a única fonte de salvação, Jesus Cristo. Será que estamos interessados em segui-lo de modo integral, imparcial ou descompromissado? Como filhos amados, somos convidados a viver a salvação de Cristo de maneira integral, pois, ela vem para atingir a pessoa em sua globalidade; em todas as suas dimensões; individual e social. Jesus, a salvação personificada, com sua vida, morte e ressurreição abre possibilidades ao ser humano de transcendência; único capaz de fazer tudo isso. o Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas e não apenas a vida física, mas a vida do Pai que ele comunica ou seja, o Amor do Pai que nos faz viver e nos torna seus filhos queridos. E nós temos consciências dessa missão? Dar a vida de Cristo ao mundo pelo testemunho do amor, no serviço ao outro? Eis a verdadeira missão.
* Membro do Instituto Religioso Nova Jerusalém. Graduada em Filosofia e Teologia pela FCF-CE e especialista em psicologia da Religião pela mesma instituição.