3ª SEMANA DA QUARESMA
( Ex 20, 1-17; João 2,13-25; 1Cor 1,22-25 )
‘Deus pronunciou as seguintes palavras’: assim inicia-se o capítulo 20 do livro do Êxodo. Esta perícope se refere ao decálogo, isto é, aos dez mandamentos que chegou até nós já na tradução da bíblia grega.
Para os judeus esta é a Lei sagrada dada por Deus por intermédio do grande legislador e líder judeu: Moisés. Aqui no texto ao ressaltar que o próprio Deus pronunciou estas palavras o autor retoma a figura do Deus criador que tudo criou por sua palavra Portanto a Lei judaica foi dada por Deus, logo seu povo escolhido deve caminhar pautado nos ensinamentos daquele que os criou e os escolheu como seu povo, sua nação santa entre todos os povos da terra.
Na segunda leitura Paula rechaça todas as expectativas humanas de sabedoria, glória, riqueza e poder e apresenta a gregos e judeus um Deus crucificado; um Deus cuja vitória é ter sido humilhado ao morrer numa cruz. O apóstolo nos mostra a fé como caminho para entendermos a cruz como poder e sabedoria de Deus; pois se quisermos entender a cruz a partir de categorias racionais nunca conseguiremos.
Na leitura da boa nova o autor do quarto Evangelho, ao contrário dos sinóticos, coloca o episódio da purificação do templo no início de seu livro, pois a comunidade deseja ressaltar a morte e ressurreição de Jesus. É um texto carregado de simbolismo e de muitos detalhes.
A páscoa é a principal festa religiosa dos judeus. Todos os judeus, do mais abastado ao mais pobre, acorrem a Jerusalém para fazer seus sacrifícios (animais) ou pagar seus tributos (cambistas). Assim sendo, o judeu seguidor fiel da lei mosaica deveria ir a Jerusalém ao menos uma vez na vida pra oferecer um sacrifício e para pagar seu tributo no templo santo de Deus. É interessante notar que quando esse texto foi escrito não existia mais nem templo e muito menos Jerusalém, pois esta foi totalmente destruída no ano 70 d.C.
Nesta terceira semana da quaresma os textos sagrados nos vem recordar que o seguimento ao Ressuscitado não deve ser encarado como um peso, um fardo que precisamos carregar para alcançarmos a vida eterna.
A cruz não é dor, sofrimento, lágrimas, mas é amor. Amor tão grande que fez o Filho amar incondicionalmente o Pai a Humanidade inteira ao morrer de uma forma vergonhosa numa cruz. Pois somente o amor faz com que cometamos “loucuras”.
O povo do primeiro Testamento ainda entende hoje que seguir a Deus é cumprir as mais de 600 leis dadas a eles por Deus através de Moisés.
Contudo, nós cristãos que vemos o primeiro testamento como o início do segundo temos uma novidade excepcional; uma novidade que nos foi mostrada pelo Deus que morreu numa cruz (sabedoria de Deus) para nos salvar (poder de Deus), essa boa noticia é que Ele resumiu toda a lei de Deus em apenas uma palavra: AMOR.
Portanto, possamos nesta quaresma, seguindo seus passos na dor, fazer essa experiência profunda de amor e ressuscitarmos com Jesus para uma vida nova.
Fortaleza, 10 de março de 2012.
Ir. Ana Alencar, nj
Teóloga (F.C.F.)