A PECADORA PERDOADA
Diác. Glêvison Felipe*
A misericórdia de Deus é um tema fundamental na obra de Lucas, diante da realidade do pecador. O que interessa para Deus é que se “converta e viva”, muito mais do que sua falta. Portanto, aquele que se vê livre das amarras do pecado experimenta uma verdadeira ressurreição, porque o pecado é a morte do ser humano. “…festejemos, pois este meu filho estava morto e voltou à vida…” (Lc 15,24)
1ª Leitura (2Sm 12,7-10.13)
O profeta Natã repreende o rei Davi, por seus pecados que o afastaram de IHWH. O crime de Davi é denunciado como falta grave, mas seu arrependimento lhe vale o perdão de Deus. A ingratidão de Davi não reconhece a ação de Deus em sua vida (v.8) e rompe a sua relação com Ele.
2ª Leitura (Gl 2,16.19-21)
Paulo trabalha o tema da justificação, indicando que a nossa salvação vem pela fé em Jesus Cristo, reconhecendo e permitindo a sua ação em nossa vida. Somente a Lei mosaica não salva, porque Cristo deu a ela o seu pleno cumprimento. Pela fé, Cristo se torna o agente de todas as ações da vida do cristão (v.20) que, configurado a Ele pelo batismo, pauta sua vida pela nova “Lei”: a Lei do amor que produz os frutos espirituais.
Evangelho(Lc 7, 36 – 8,3)
No texto do evangelho a identidade de Jesus está em questão: “Ele é profeta?”. Os fariseus, não o reconhecendo como Salvador, permanecem depositando sua confiança totalmente na Lei. Isso os impede de acolher a pecadora, que dificilmente se encaixaria nos limites legais e de purificação. Jesus responde à objeção do fariseu contando uma parábola, visando ressaltar a gratuidade do credor – é ele quem perdoa, independente do tamanho da dívida. Por isso, o que determina a salvação não é mais o cego cumprimento da Lei, mas aquele que demonstrou “muito amor” (v.47). Lembrando que a palavra amor na Bíblia não é um simples sentimento apaixonado, mas atitudes concretas que praticamos uns com os outros, revelando o nosso cuidado e interesse pelos irmãos. A atitude da mulher não é um sentimentalismo ou simples sinal de arrependimento, mas uma atitude de fé naquele que é fonte de toda a vida. Por isso a nossa salvação não depende do cumprimento rigorista da Lei, mas da nossa fé em Jesus Cristo “Tua fé te salvou…”. Com isso, uma multidão de pecadores o seguia (8,3) reconciliados e dispostos a serem discípulos e discípulas missionários, motivados pelo profundo amor por Jesus.
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* Glêvison Felipe é diácono permanente da Arquidiocese de Belo Horizonte. Graduado em Engenharia Civil, concluiu o Curso de Teologia Pastoral na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia – FAJE-BH. Membro do Movimento Bíblico Nova Jerusalém em Vespasiano (MG).