ROTEIRO HOMILÉTICO 4º DOMINGO DO TEMPO COMUM-ANO B

ROTEIRO HOMILÉTICO 4º DOMINGO DO TEMPO COMUM-ANO B

Por Ir. Rita Paixão, NJ*

“ Profeta, pessoa que incomoda”

1ª leitura (Dt 18, 15-20)

Em Israel, o profeta surge no meio da comunidade por intervenção direta de Deus. Moisés, como profeta de Israel anunciou a Palavra de Deus, quando a aliança estava sendo estabelecida pela a primeira vez no Monte Horeb. Temeroso, o povo exige um mediador como Moisés, para guiá-los em sua jornada rumo à terra prometida. Moisés, junto ao povo, dá a certeza de que Deus nunca os abandonará, mandará um sucessor para continuar a caminhada.

Conforme a tradição deuteronomista, esta perícope, vem ressaltar a importância do profetismo, em meio a tempos difíceis do povo de Deus. O povo estava preocupado na sucessão de Moisés, o grande legislador e pai de todos. Moisés era um mediador do Deus absoluto, portador fiel da Palavra de Deus, que se caracterizava como ponto de encontro de todos os israelitas. Com uma constância freqüente, o profeta denunciava os erros que eram cometidos contra a Lei, lutava contra os hábitos vazios e freqüentes entre o povo, condenava o culto exterior, e os sacrifícios prestados aos falsos ídolos da época.

2ª Leitura (I Cor 7, 32-35)

Para os cristãos do século primeiro, o conceito de tempo, Kairós (tempo da graça de Deus), tinha mudado radicalmente. A vida assumia uma nova perspectiva, e por isso não poderia se concentrar unicamente no sacramento do matrimônio. Paulo na primeira Carta aos Coríntios, expressa sua inquietação, onde os que não querem casar deveriam ser livres das responsabilidades da vida na situação atual de momento.

A tarefa dos cristãos que não se casavam, era tentar procurar a melhor maneira de agradar ao senhor Jesus e a tarefa do casado era encontrar a melhor maneira para agradar sua esposa. No casamento cristão não há lugar para o egoísmo, o conselho de Paulo, vem motivado pela a preocupação no bem-está deles, não para restringi-los, mas para que eles possam se consagrar sem impedimento ao Senhor Jesus.

Evangelho (Mc 1,21-28)

Em uma sinagoga em Cafarnaum, as pessoas ficavam maravilhadas com a confiança com que Jesus falava. Ele era diferente dos mestres atuais, suas palavras tinham autoridade, seus feitos penetravam a mente deles, mas não alcançavam o seu coração. Não foram somente os que estavam na sinagoga que perceberam a autoridade de Jesus: um homem possesso, possuído de um espírito imundo também reconheceu Jesus.

Nesta perícope, Marcos vem mostrar para sua comunidade e todos os seus leitores que Jesus, ao expulsar o mal daquele homem mostra que o Reino messiânico já chegou e não há mais espaço para o reino das trevas. Neste ensinamento Jesus dá início sua atividade pública, entra em contacto com os israelitas integrados na instituição religiosa (sinagoga), que aceita a doutrina oficial. Ele respeita as mesmas e se aproveita para ensinar, não como um repetidor de tradições, mas como um ensinamento novo. Em sua pregação, os ouvintes percebem a força do Espírito de Deus; reconhece n`Ele a autoridade de um profeta, como um ensinamento novo; tendo sobre si a vitória contra os poderes do mal que escravizava a todos; o povo ao ver e ouvir começa a admirá-lo.

A Palavra se faz vida

A temática de hoje, está condensada no chamado de Deus, para todo (as) e batizado (as), a serem profetas ou profetizas em todos os tempos. Deus continua chamando, e Jesus é o verdadeiro protótipo do cumprimento e realização deste chamado. É dentro dessa realidade hodierna, que o cristão é chamado a exercer o verdadeiro papel de batizado, e ser sinal da presença viva de Jesus, como profeta ou profetiza por Excelência. Também não podemos perder de vista, o profeta, como dom de Deus a Igreja. Ele é um grito de acusação ao comodismo e um chamado a abandonarmos nossas seguranças e nossos ídolos e deixarmos conduzir pelo espírito de coerência e coragem, para anunciar as Sagradas Escrituras com a autoridade de Jesus ressuscitado.

O convite foi lançado, a sermos verdadeiros intérpretes da Palavra, na denúncia as práticas que negam vida; cabe a nós respondermos ou não; só assim, todos os filhos de Deus serão contagiados pelo o amor do Pai que gera justiça e conversão aos seus filhos e filhas.

 

*Graduada em Filosofia e Teologia pela Faculdade Católica de Fortaleza (FCF) onde também cursou especialização em psicologia da religião. É religiosa do Instituto Religioso Nova Jerusalém.

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