Roteiro Homilético XXIX Dom Comum – B

Roteiro Homilético XXIX Dom Comum – B

Por Glêvison Felipe L. Sousa*

A liturgia deste domingo nos conduz mais profundamente à identidade messiânica de Jesus, o justo que dá a vida para o “resgate de muitos” (Sacrifício Vicário). Ele é o servo obediente ao Pai, até a entrega total (Fl 2,8) onde ele se esvazia de si mesmo (Kenosis), abre mão da sua vontade própria e se deixa conduzir pelo projeto do Reino de Deus.

1ª Leitura (Is 53, 10-11)

Este cântico do Servo Sofredor revela sobretudo a promessa reservada para aqueles que obedecem a vontade divina. O Servo não foge da situação de sofrimento, mas quer cumprir a sua missão na disponibilidade e serviço. O sentido do seu sofrimento não é vazio, porque o Senhor o exaltará, levando em conta a sua obediência, justificando muitos. Esse povo novo regenerado da Aliança é a descendência duradoura agraciada com a justiça divina.

2ª Leitura (Hb 4, 14-16)

Com Cristo, o mediador por excelência, já não precisamos da mediação do Sumo Sacerdote, que entrava no Santo dos Santos uma vez por ano. Jesus entrou no céu definitivamente (v.14), numa irrupção de amor-doação, deixando livre acesso para todos               (Mt 27, 51). Com sua morte e ressurreição, o Filho mediador abre um canal de comunicação que não foi interrompido com a Ascensão, deixando para nós a esperança e conforto da Fé naquele que pode nos justificar no caminho rumo à Pátria definitiva.

Evangelho (Mc 10, 35-45)

No domingo passado, vemos alguém com dificuldades em seguir o chamado de Jesus por causa do apego às realidades e coisas provisórias. Hoje alguns discípulos também não compreendem o sentido do seguimento do Mestre, estando preocupados com seguranças futuras. Eles parecem temer, visto que há o terceiro anúncio da Paixão (Mc 10, 32), num trecho anterior. E agora, diante do pedido de Tiago e de João, Jesus apresenta o “cálice da salvação” (Sl 115, 13) e o “…o cálice que abençoamos, comunhão com o sangue de Cristo…” (1Cor 10,16). E, diferente dos outros sinóticos, Marcos acrescenta o batismo, que indica os sofrimentos daqueles que aderem a Cristo e mergulham com ele na sua morte para de lá ressurgirem pessoas novas. A via do seguimento do Mestre não é a do poder ou do destaque (sentar à direita…) e sim a via da discrição do serviço, como indica o evangelho de Lucas quando chamou de próximo quem serviu mais (Lc 10,37). É essa a proposta, de não repetir a prática dos impérios tiranos e não seguir a sua lógica de poder (v.42).

Comungar do mesmo cálice neste domingo, será responder como os discípulos, só que agora conscientemente – ‘Podemos!’, sabendo a que veio o Messias e a que iremos nós depois da missa.

_____________________________________

* Glêvison Felipe L. Sousa é graduado em Engenharia Civil. Concluiu o Curso de Teologia Pastoral na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia – FAJE-BH.  Membro do Movimento Bíblico Nova Jerusalém em Vespasiano (MG), atualmente é candidato ao diaconato permanente na Arquidiocese de Belo Horizonte.

Voltar ao Topo