AUTORIDADE É SERVIÇO
Por Ir. Pe. Paulo Henrique, NJ
Sb 2, 12.17-20
Disseram os ímpios: Armemos ciladas ao justo, porque nos incomoda e se opõe às nossas obras; censura-nos as transgressões à lei e repreende-nos as faltas de educação. Vejamos se as suas palavras são verdadeiras, observemos como é a sua morte. Porque, se o justo é filho de Deus, Deus o protegerá e o livrará das mãos dos seus adversários. Provemo-lo com ultrajes e torturas para conhecermos a sua mansidão e apreciarmos a sua paciência. Condenemo-lo à morte infame, porque, segundo diz, Alguém virá socorrê-lo.
O texto nos mostra que desde muito tempo existe uma rivalidade ferrenha do ímpio contra o justo. Movido do ódio que o ímpio tem do justo por ele ser reto, manso e, claro, pela sua vida diferente. Por esses motivos, os justos são provados com insultos, perseguição, injúrias, difamação, calúnias. Diante de tudo isso os ímpios experimentam os justos para ver se Deus vem libertá-los da morte. Tal modo de falar, é sinal unicamente de ignorância dos judeus renegados e dos pagãos que hostilizam os fiéis à lei nos territórios da diáspora. É a eterna história dos maus que querem arrastar os outros para o mal, tornando-os iguais a eles.
Tg 3,16-4,3
Caríssimos: Onde há inveja e rivalidade, também há desordem e toda a espécie de más ações. Mas a sabedoria que vem do alto é pura, pacífica, compreensiva e generosa, cheia de misericórdia e de boas obras, imparcial e sem hipocrisia. O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz. De onde vêm as guerras? De onde procedem os conflitos entre vós? Não é precisamente das paixões que lutam nos vossos membros? Cobiçais e nada conseguis: então assassinais. Sois invejosos e não podeis obter nada: então entrais em conflitos e guerras. Nada tendes, porque nada pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, pois o que pedis é para satisfazer as vossas paixões
De onde vem a sabedoria verdadeira? Ela vem de Deus. Mas em que consiste essa sabedoria? A sabedoria começa por uma boa conduta que se revela principalmente pelas relações fraternas onde a mansidão, a condescendência e a misericórdia se destacam no trato com os inimigos; e para com todos, a bondade e imparcilidade são frutos de uma justiça que está presente nos sábios. Tudo isso é sinal de equilíbrio. Na falta disso, prevalece o orgulho que faz nascer a desordem e por isso as guerras discórdias e mortes. Tiago nos aponta que o caminho deve ser o da paz que gera a justiça e assim se manifesta a verdadeira vida do cristão que se tornou um promotor da paz.
Mc 9, 30-37
Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia, mas Ele não queria que ninguém o soubesse; porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes: O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens e eles vão matá-lO; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará. Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar. Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: Que discutíeis no caminho? Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes: Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos. E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes: Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou
Jesus é o Messias sofredor, como ouvimos no Domingo passado. Isto nos diz então que os que são seus discipulos são convidados a experimentar dessa vocação messiânica e por isso o caminho da fé não é fácil para os seus discípulos. O fato, porém, de eles não abandonarem o Mestre é sinal de certa disponibilidade. Hoje Jesus e seus discípulos estão a sós e o seu ensinamento é sobre o Messias sofredor (sobre ele mesmo). O tema não é aquele que os discípulos querem ouvir por isso uma reprovação bem clara do assunto. Fica claro que um dos motivos é o medo. Jesus prontamente indica o caminho para a compreensão e disponibilidade: o serviço humilde e desapegado, o acolhimento dos pequenos, dos pobres. Isso mostra que a fé sem ser provada não pode se manter. O maior então será aquele que se mostrar servidor de todos, pois autoridade no reino de Deus é serviço.
Pelas leituras desse XXV Domingo, o cristão é chamado a refletir sobre sua conduta frente a fé em Deus e a sua resposta no mundo. Pelos textos, podemos avaliar que não é fácil ser discípulo e que somos testados de todas as formas, além de que, ao fazermos opção pelo plano de Deus, procurando a sua sabedoria, somos marcados pelos outros que se sentem ameaçados por causa de sua conduta diferente que temos. Daí que nascem as invejas e perseguições que, se não tivermos cuidado, poderá se instalar em nosso próprio meio. Jesus então vem nos dizer hoje que a maneira de se tornar verdadeiro discípulo é servindo ao mais próximo que é descuidado, por isso se tornou um pequenino. Desse modo, o discípulo estará se prevenindo de discórdias e também estará respondendo de modo cristão aos insultos e calúnias que os invejosos e ímpios poderão levantar contrar os cristãos.
* Membro do Instituto Religioso Nova Jerusalém. Graduado em Filosofia e Teologia pela FCF. Atualmente é pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo na Diocese de Mossoró.