Por Ir. Luciene Gonçalves, NJ*
Estamos vivendo um tempo forte de preparação para a festa mais importante de nossa fé, a Páscoa. Portanto devemos refletir sobre nossa conduta cristã, sobre como vivemos nossa fé, quem é Jesus para nós e como ele interfere em nossos conceitos e em nosso agir. As leituras de hoje nos levam a entender esse grande mistério de amor de um Pai que entrega seu Filho para salvação de toda a humanidade.
EVANGELHO Mc 9,2-10.
A transfiguração é um fato marcante na vida de Jesus narrada pelos três sinóticos (Mt, Mc e Lc), em Marcos ela é um desvelamento momentâneo do mistério que envolve a pessoa de Jesus com três testemunhas privilegiadas da antecipação da ressurreição (Pedro, Tiago e João). Esse trecho nos apresenta uma Teofania, manifestação de Deus, vários fatores nos fazem perceber isso: o monte, a visão, o esplendor, as testemunhas, somos remetidos a Ex 24,9-18. Há uma manifestação gloriosa aqui após Pedro ter declarado que Jesus era o Messias(Mc 8,29), no entanto ser Messias para Marcos implica sofrer e os discípulos não entendem isso. Para compreender é necessário ouvir a Jesus, confessá-lo, Filho de Deus, mas tudo isso tem que passar pela experiência do sofrimento, da cruz e da ressurreição evento único da fé .
1ª LEITURA Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18
Abraão é para nós o pai da fé, um homem que ouvindo a voz de Deus deixou família, terra e foi ao encontro das promessas de Deus. Deus cumpriu sua palavra e lhe deu um filho, dom de Deus nascido de sua esposa, Sara estéril. E nesse trecho Deus mais uma vez pede a Abraão uma prova de fidelidade e obediência, o sacrifícar a vida de seu filho querido. O sacrifício humano especialmente dos primogênitos aos deuses era comum entre os povos vizinhos de Israel, nesse relato percebemos que Deus não quer esse tipo de sacrifício do seu povo. Abraão foi provado não só por ter de entregar seu filho, mas uma promessa cumprida, uma experiência e uma idéia de Deus, que vai ter que mudar.
2ª LEITURA Rom 8,31b-34
São Paulo anuncia a fidelidade de Deus, Ele está com todos os que nele creem e nele foram justificados. Em Cristo que deu sua vida por toda a humanidade está a plenitude da fidelidade, Ele nos amou e por nós se entregou livremente por amor para nos tornar próximos. Não há mais distância entre a humanidade e a divindade e nada nos separará desse Amor.
PISTAS PARA REFLEXÃO
Como compreender um amor que exige sacrifícios um Deus que entrega seu Filho para ser morto? Quando pensamos nisso achamos algo sem nexo, para chegar a glória precisamos passar pela cruz, implica sofrimento. Os discípulos não compreenderam, Abraão não compreendeu o pedido de Deus e nós hoje sabemos discernir a voz de Deus e os sacrifícios que ele nos pede? É necessário fazer a experiência do encontro com o Cristo Vivo e Resssuscitado, ouvir sua voz e segui-lo não há receita pronta é o caminho do seguimento que nos conduzirá sob a luz do Espírito Santo a dicernir e atender os apelos de Deus em nossas vidas.
*Membro do Instituto Relgioso Nova Jerusalém, mestra de noviças e graduada em Filosofia e em Teologia pela Faculdade Católica de Fortaleza .