Roteiro Homilético – SOLENIDADE DO NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

Roteiro Homilético – SOLENIDADE DO NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

Ir. Pe. Paulo Henrique de Oliveira, NJ*

HOJE NASCEU PARA NÓS O SALVADOR, QUE É CRISTO, O SENHOR.

 

Hoje celebramos o Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo e inauguramos um tempo na liturgia: Tempo do Natal, que se estende até a Festa do Batismo do Senhor. O Tempo do Natal está repleto de festas e alegrias pelas liturgias que se celebram relembrando sempre nas leituras o cumprimento das promessas de Deus ao seu povo. Nesse período de Festas e Solenidades, por isso um tempo de preparação antes, o Advento, a Igreja se reveste de branco para dar um significado de paz (Lc 2, 14) que trazem as mensagens da Palavra de Deus nas liturgias que se celebram. Com o Tempo do Natal participamos do itinerário de Deus feito homem no meio do seu povo e devemos responder ao seu apelo de encarnar a sua Palavra, que é luz para os passos (Sl 119, 105), num mundo de trevas, principalmente no meio dos menos favorecidos.

 

Isaías 9, 1-6

O profeta, com muito júbilo e esperança, se alegra pela certeza da libertação dos que estavam no Exílio (tempo de muita provação para o povo de Deus). Ele inicia enfatizando a situação do povo que perecia nas trevas o que impediam de enchergar a esperança e o caminho, por isso apresenta a luz em torno de alegrias e libertação. Aqui temos um cântico que expressa o sofrimento do povo e suas esperanças e sonhos: os jugos, a cargas dos opressores são abatidos; utensíslios das grerras e violência são queimados para dizer que não mais irão existir e nem resistirão ao domínio daquele que esperavam como salvador: um menino nascido, descendente da realeza de Davi, cumprimento da promessa de Deus. Sua marca é a paz que consolida a justiça e a santidade, traços das virtudes dos patriarcas e reis admiráveis de Israel.

 

Tito 2, 11-14

São Paulo escreve que Jesus Cristo vindo ao mundo apresentou-se como manifestação da graça de Deus e salvador da pessoa humana. Ele enfatiza que a salvação é para todos sem exclusão nem acepção. Mas também escreve que essa vinda e essa ação salvífica de Deus requer de nós atitudes diferentes e por isso ensina o ser humano a uma prática cristã radical que indique a realização dessa salvação: abandonar as obras do mal e a vivência reta da piedade, justiça e equilibrio para a verdadeira prática do bem. Ao final dessa carta o apóstolo apresenta de forma muito clara a fé na divindade de Jesus Cristo e na sua salvação.

 

Lc 2, 1-14

O evangelista Lucas, como bom historiador, inicia o relato do Nascimento de Jesus situando o momento político da época para marcar na história esse grande acontecimento de fé na vida do povo de Israel. Com isso também nos apresenta realidades históricas como a ida à Belém e a maneira humilde como foi o parto de Maria e em que condições nasceu o Menino Jesus. Alguns detalhes evocam para percepção do cumprimento da promessa de enviar um salvador: o menino era de família de descendência davídica; um anjo vem anunciar sua chegada e dá um sinal; e o Menino mesmo é chamado de Salvador. Mas também quer enfatizar que Jesus se encarnou na condição mais fraca do ser humano, na sua pobreza, na falta de hospitalidade, também na falta de preparação. Os primeiros a receberem a notícia de seu Nascimento são os pastores humildes que de certa forma estavam vigiando, cumprindo seu dever na honestidade e simplicidade do seu ofício. O anjo é figura mais ilustre da comunicação de Deus com os homens, por isso, “a glória do Senhor os envolveu em luz”, provocando “medo”, geralmente acontecido diante de uma Teofania ou revelação de Deus. Medo que pode ser dissipado pelo anúncio de “uma grande alegria” ou, o Evangelho (boa notícia) ali é anunciado. “Hoje”, nos escritos de Lucas, quer enfatizar o cairós de Deus, o agora, que o tempo da atuação de Deus é já. Alí é a marca da realização da promessa: hoje nasceu… O texto finaliza com um grande louvor onde o céu e terra se juntam quebrando todas as barreiras dos limites e manifestando a vontade de Deus para os homens: “paz a todos os que são amados por ele”.

 

Nesta Solenidade do Natal os textos litúrgicos são ricos em mensagens de gozo, alegria, esperança e um testemunho da realização da salvação prometida por Deus. A primeira leitura vem cheia de júbilo e radiação pelo nascimento de um menino já esperado e de linhagem davídica fazendo assim o povo se sentir eleito àquela realeza que de certa forma estava sendo negada pelos opressores deste mundo. Já a segunda leitura exorta a vivência cotidiana da justiça, piedade, prática do bem, equilíbrio e a esperança sempre naquele que é mostrado como o Salvador, Jesus Cristo, vindo de Deus e sendo Deus resgantando a humanidade das trevas e maldades. No Evangelho nos é narrado o Nascimento de Jesus como uma grande notícia: “nasceu para vós o Salvador”, Deus que se aproxima do ser humano armando sua tenda no meio dos mais humildes trazendo a paz consigo aos homens de boa vontade. Do Céu vem um batalhão de anjos para se juntar ao que está na Terra e assim glorificar a Deus pela sua obra de Redenção aos que estavam cativos. Coloquemos nossa atenção onde for o Céu, lugar do coração de Deus e de sua humildade para também dele descer os que nos anunciam e indicam o Salvador. Como disse o Papa bento XVI em sua homlia no Natal de 2007: “O céu não pertence à geografia do espaço, mas à geografia do coração. E o coração de Deus, na Noite santa, inclinou-Se até ao curral: a humildade de Deus é o céu. E se formos ao encontro desta humildade, então tocamos o céu. Então a própria terra se torna nova. Com a humildade dos pastores, ponhamo-nos a caminho, nesta Noite santa, até junto do Menino no curral! Toquemos a humildade de Deus, o coração de Deus! Então a sua alegria tocar-nos-á a nós e tornará mais luminoso o mundo”.

 

FELIZ NATAL!!!

* Graduado em Filosofia e Teologia pela Faculdade Católica de Fortaleza (FCF). É recém-ordenado sacerdote do Instituto Religioso Nova Jerusalém.


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