Os novos meios de comunicação e a família

Os novos meios de comunicação e a família

Por Ir. Jackson Câmara Silva, NJ*

            Desde os tempos mais remotos aos dias de hoje, a forma do ser humano comunicar-se tem passado por inúmeras mudanças, que repercutem em seu modo de viver.família ache

Antes da modernidade, cartas e recados eram os únicos meios de comunicação em um mundo com raras mudanças e resistente a elas. As notícias, em sua maioria, eram locais, uma vez que se apresentava uma limitação geográfica, uma vez que as cidades eram pequenas e, em sua maioria, giravam em torno da união Igreja-Estado. Seus habitantes eram formados por famílias estruturadas e numerosas, nos quais os mais velhos eram considerados sábios. Obediência e respeito, mesmo que por coação eram marcantes. Reuniões em família, terços diários, novenas e ladainhas eram frequentes e marcavam uma religião preponderantemente católica, passada de pai para filho.

Posteriormente surgem o rádio e a televisão. As notícias ganham velocidade e a vivência da família não se restringe só ao local onde se vive, mas passa a adquirir elementos além-fronteiras. A interação entre os membros da família vai perdendo espaço para esses meios. As reuniões e terços diários vão sendo substituídos pelas radio e telenovelas. Também começa a haver redução gradativamente da taxa de natalidade e as famílias vão deixando de ser numerosoas. Já a Igreja vai paulatinamente deixando de ser o centro da vida das pessoas, passando a ser um setor dentre outros como a política, o trabalho, o lazer etc.

grande família

A partir das últimas décadas do século passado, vem acontecendo uma “revolução” nos meios de comunicação e na vida das pessoas. O mundo se depara com a “globalização” interligando cultura, economia, política e informação entre países. Há um grande volume e velocidade de informação. A comunicação passa a ser uma “arma de poder”. E uma “concorrência” avassaladora entre os ensinamentos dos pais e a quantidade e acessibilidade da informação dos novos meios de comunicação vem aumentando. Além disso, cresce a crise das instituições padrões de outrora: a política, cada vez mais desacreditada pelos escândalos de corrupção; a Igreja, por falta de testemunho por parte de muitos (não há mais tanta fidelidade religiosa como antes!); a educação, sucateada e “minada” por novos “valores” veiculados nos tempos atuais; e a família, desestruturada e cada vez mais vulnerável pela fragilidade crescente dos laços fraternos. Os mais velhos, outrora sábios, que aconselhavam os mais jovens, agora, muitas vezes, são “descartados” nos asilos e nos lares como ultrapassados e pouco ouvidos, uma vez que agora existem outras formas de adquirir “sabedoria” e “conhecimento”. Enquanto os mais jovens expõem sua intimidade ao público pelas redes sociais.

Diante disso, estaríamos perdidos e deveríamos “satanizar” os novos meios de comunicação ou fugir deles? Os pais deveriam e seriam capazes de monitorar seus filhos o tempo todo na internet? Impossível! O tempo de atenção aos filhos, pelas inúmeras atividades dos pais é bem menor que aquele em que os filhos estão em contato com os novos meios de comunicação. E as mudanças não duram mais uma geração para acontecer, mas meses. É muito difícil acompanhar essa nova geração! Inseridos nessa nova configuração, jamais se poderia pensar viver sem esses novos meios: celulares, internet, mídias sociais, entre outros. Haveria, então, solução?

família e internet

Os meios de comunicação são “meios” e não podem ser “donos, senhores” que “escravizam” muitos através da necessidade exagerada de comunicar-se. Precisamos das informações e podemos utilizá-las para dinamizar e inserir novos meios de evangelização bem como compreender as mudanças desse novo tempo. O contato pessoal nunca substitui o virtual, uma vez que não aprofunda as relações e muitas vezes ficam na superficialidade. O abraço e o amor dos pais é mais profundo que qualquer máquina. E a autenticidade e profundeza dessa relação podem ser “armas poderosas” contra a cultura do “descartável, passageiro e superficial”.

Assim, mais que proibir, fugir, “satanizar” os novos meios de comunicação, os pais devem procurar criar um clima de segurança, conscientizando seus filhos dos riscos e dos benefícios que eles podem trazer para a vida. Desse modo, com a ajuda da graça de Deus, poder-se-á viver de forma mais saudável e equilibrada em tempos tão exigentes e desafiadores.
* Membro do Instituto Religioso Nova Jerusalém. Licenciado em Física pela UFC e em Filosofia pela UECE. Graduando em Teologia na FAJE-BH e pós-graduado em Formadores para Vida Religiosa no ISTA-BH. Contato: irjackson.nj@gmail.com

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