03 de novembro de 2013. Solenidade de Todos os Santos

03 de novembro de 2013. Solenidade de Todos os Santos

  Os Bem Aventurados: Alegrai-vos e Exultai!

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Introdução

 

Na primeira leitura, santos são todos aqueles marcados com um selo como propriedade pessoal de Deus, todos os que passaram pelo martírio testemunhando a fé no Cordeiro imolado (Jesus Cristo). O evangelho nos revela a imagem do verdadeiro discípulo de Jesus aquele que vive as bem aventuranças, encarna na sua vida tudo que Jesus ensinou aos seus seguidores e testemunhou com seu exemplo. Na carta de São João ele nos declara que somos filhos de Deus, isso nos torna santos e nos e faz desejar seguir seus exemplos seu modo de ser para nos tornarmos semelhantes a Ele.

 

Evangelho: Mt 5,1-12ª.

O Evangelho de Mateus nos apresenta o Sermão da Montanha como uma constituição do novo povo de Deus, é um discurso – instrução exigente, um constante convite a superação de si mesmo. Nesse discurso temos as oito bem-aventuranças, como cerne do sermão. O gênero das bem-aventuranças é mais frequente nos salmos e na poesia sapiencial. Nessas bem-aventuranças temos uma promessa de felicidade humana que traz consigo exigências comprometedoras. A felicidade prometida pertence aos que temem ao Senhor, são esses os pobres, categoria corrente no Antigo Testamento (1Sm 2,8). Os aflitos estão também presentes no Antigo Testamento (Ex 3,17; Is 48,10) a eles é anunciado o consolo. Os pobres, os aflitos e oprimidos serão consolados no céu e na terra. Através da comunidade de Mateus Jesus se dirige a toda a humanidade que pode ser fermento na transformação da história humana.

 

1º ap 7,2-4.9-14

Na primeira leitura o trecho se situa na seção intitulada “os sete selos” (7,1-8,1). Os selos estão sendo abertos pelo Cordeiro imolado (6,1) que é Jesus. Aparecem aqui os quatro anjos encarregados de fazer mal a terra, eles são impedidos por um quinto anjo  que ordena que tal ação seja suspensa até que tenham marcado na fronte os servos de Deus.(Ez 9,1-4). O gesto de marcar a fronte é um gesto de propriedade, desde a saída do Egito, o povo é chamado a ser propriedade pessoal de Deus (Ex 19, 5-6; Ap 5, 10). É também um sinal de proteção, na saída do Egito, as casas dos hebreus foram marcadas com um sinal de sangue eram protegidas contra a ação do anjo exterminador (Ex 12,7-13; Ap 9,4). Por último é um gesto de missão, o apóstolo Paulo nos diz que fomos selados no nosso batismo pelo Espírito Santo de Deus (2Cor 1,21-22; Ap 14,1). Esses marcados na fronte são os membros das comunidades perseguidas, são eles propriedades pessoais de Deus, estão protegidos, devem ter como única preocupação a missão que assumiram pelo seu Batismo.O número dos que tinham sido marcados na fronte é de 144.000, ou seja 12x 12.000, número perfeito e completo, são o novo Israel de Deus, as doze tribos da dispersão. Já a multidão sem conta não vem das doze tribos, mas, sim, da humanidade inteira. Eles não têm o sinal na fronte, mas, trazem o sinal de vitória: a veste branca. Participam da liturgia celeste, aclamam a Deus e ao Cordeiro, na festa das Tendas simbolizada pelas palmas que trazem nas mãos. O que seria essa grande tribulação? No livro do Apocalipse essa grande tribulação representa a perseguição sofrida pelos cristãos pelo império romano.

 

 

2ª 1Jo 3,1-3

Na segunda leitura tirada da primeira carta de São João, o autor fala sobre a filiação divina. No Antigo Testamento, Deus é pai do povo inteiro e do rei que o representa (Ex 4, 23, Sl 2,7) textos tardios o aplicam a um indivíduo (Eclo 51,10). Em João somos semelhantes ao Pai quando imitamos sua conduta. Por sua filiação batismal, o cristão se parece com seu Pai, que é Deus, mas, deve se esforçar para se tornar justo e puro como Ele. O mundo não nos reconhece porque não compreendeu a revelação de Deus em seu meio.

 

Pistas para reflexão:

No Antigo Testamento a palavra santidade estava reservada a Yahweh, o Santo por excelência, já em Lv 19,1 Deus faz um convite a todo o povo de Israel, para ser santo como Ele era santo. Essa santidade foi entendida como cumprimento de normas e preceitos, práticas de purificação que aproximavam o povo de Deus. Israel foi escolhido, consagrado, santificado, tornado santo para revelar as outras nações a glória de Yahweh, sua santidade que seria comunicada diretamente de Deus ao ser humano (Ez 36,23-28). Em Cristo se realiza plenamente essa irradiação da santidade de Deus, todos nós, os batizados somos santificados. Ele transmite sua santidade a toda a humanidade, a sua Igreja através dos sacramentos que trazem nova vida, a vida divina a todos os cristãos. (Cl 1,22, 2Cor 1,2.12). Ser santo significa participar da vida de Deus que se dá pelos meios que a Igreja nos oferece, especialmente os sacramentos, não é mérito nosso, mas graça de Deus que age em nós. Transforma-nos, fazendo-nos lavar nossas vestes no sangue do cordeiro, experimentar provações, ser perseguidos, afligidos, caluniados. E, contudo isso nos sentirmos bem aventurados, felizes porque somos pobres em espírito, somos saciados, alcançamos misericórdia, promovemos a paz alegramos-nos e exultamos em Deus. Assim Trabalhamos na construção do Reino de Deus entre nós. A santidade é um compromisso diário de nos conformarmos a Cristo, nos configurarmos a Ele, vivendo como ele viveu na obediência ao Pai e no serviço aos irmãos.

 

 

 

 

*Ir. Luciene Lima Gonçalves, nj; formada em Filosofia pela FCF (Fortaleza-CE), e em Teologia pela FAJE (belo Horizonte).

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