Celebrando Pentecostes
Complementando a experiência da Ressurreição, hoje celebramos a solenidade de Pentecostes, um acontecimento muito importante para a vida da Igreja, porque daí ela nasceu e se apresentou ao mundo, na força do Espírito prometido por Jesus (Jo 14,25). O mesmo Espírito anunciado pelo profeta Joel (Jl 3) a ser derramado sobre todos os viventes no grande dia do Senhor. Com Pentecostes inaugura-se o tempo da Igreja, onde peregrinamos nas estradas deste mundo rumo ao céu, a pátria definitiva dos que foram configurados a Cristo pelo batismo, com ele sepultados e ressuscitados, e que “recebem o Espírito de filhos adotivos, e celebram com todo o povo de Deus o memorial da morte e da ressurreição do Senhor” (AG n. 14)
1ª Leitura (At 2, 1-11)
Este trecho fala das manifestações do Espírito na vida da comunidade. O dom do Espírito enviado cumpre a promessa de Jesus, recordando a presença de Deus no Sinai (Ex 19,18) que fala através do fogo, mas a comunidade teme aproximar-se. Agora, com a Igreja nascente, neste segundo Pentecostes, não há medo, nem incerteza. Agora o fogo de Deus, isto é, o seu Espírito, enche com sua força os discípulos, acendendo neles o amor “como um fogo abrasador”. Jesus envia seu Espírito para renovar a terra através da pregação do evangelho e do batismo, e para educar e difundir a Igreja em toda a terra. Todas as nações e povos são destinatários da boa notícia, percebendo a mesma linguagem do amor que fora perdida em Babel (Gn 11,1-11).
2ª Leitura (1Cor 12,3b-7.12-13)
“Confessar Jesus como Senhor é efeito de uma ação do Espírito Santo e não de uma capacidade do crente (aquele que crê). O Espírito conduz a Jesus e a seu reconhecimento como Senhor, da mesma forma que nos faz filhos no Filho e nos inspira clamar por Deus como Abbá”[1]. A Igreja vive no Espírito de Cristo. Paulo constrói uma imagem muito edificante para a Igreja: um Corpo, onde Cristo é sua cabeça. O corpo não é uniforme, mas é constituído por diferentes membros que trabalham e concorrem para o bem de todo o corpo. A fonte é única, o próprio Deus, ao qual os membros do corpo aderem através de uma só fé e um só batismo, “solícitos em guardar a unidade do Espírito” (Ef 4,1-6).
Evangelho (Jo 20, 19-23)
Na tarde da Páscoa acontece esta primeira efusão do Espírito, com o sopro de Jesus sobre os apóstolos. Um sopro de vida da nova criação, para os homens e mulheres regenerados em Cristo, mantém sua vida de cristãos sob o sinal do Espírito que receberam no batismo e na crisma, o seu Pentecostes. Um sopro de uma nova criação, uma verdadeira ressurreição. O Espírito será o poder de salvação que os discípulos manifestarão de agora em diante em comunhão com Jesus.
Mas o envio do Espírito supõe um movimento. O dom do Espírito aos apóstolos é sinal de missão. Na força do Espírito eles serão portadores do depósito da fé a ser transmitida a todos que aderirem à proposta de salvação. “…que o Espírito Santo te consagre com este óleo, para que participes da missão do Cristo, sacerdote, profeta e rei. Agora que fazes parte do povo de Deus, segue os passos de Jesus e permanece nele para sempre”.[2]
O Cristo resssuscitado vem e permanece no meio dos seus, aos quais não se cansará de conduzir. A nossa missão de discípulos e discípulas missionários será o de comunicar aos outros (evangelização) esta boa notícia da experiência com a pessoa do Ressuscitado. Uma experiência viva, com uma pessoa que não está presa nos limites do tempo e espaço, mas que caminha conosco continuamente, infundindo em nós o seu Espírito. Dessa forma pautaremos nossa vida na comunhão com Ele, vivendo o nosso Batismo de forma a produzir “o fruto do Espírito, que é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, auto-domínio” (Gl 5, 22-23).