A CRIAÇÃO INTEIRA LOUVA O CORDEIRO QUE ESTEVE MORTO E AGORA VIVE
I. INTRODUÇÃO GERAL
O núcleo da mensagem de Jesus era o Reino de Deus. Mas a pregação dos apóstolos passou a ter como centro a vida e as palavras de Jesus, pois a partir da morte e ressurreição de Jesus é inconcebível pensar o Reino de Deus sem referência àquele através do qual Deus exerce agora seu reinado. A expansão desse Reino é inevitável quando se anuncia o evangelho, embora forças contrárias à sua propagação tentem calar seus arautos. Ao final o Cordeiro será vitorioso, triunfando sobre o anti-reino.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1. Evangelho (Jo 21,1-19): Um tipo de morte que glorifica a Deus
O texto narra outra aparição de Jesus e tem como tema principal a missão da Igreja sob a guia do ressuscitado.
O número sete significa perfeição ou totalidade. Aqui trata da comunidade perfeita, aquela que se reúne em torno do banquete. (vv.9-13). Os protagonistas da cena, Pedro e o Discípulo amado, são os mesmos que entraram no sepulcro vazio. Novamente, o discípulo amado reconhece o Senhor. É o amor que precede esse reconhecimento. Mas é Pedro, desta vez, que corre ao encontro do Senhor (v.7). É também quem toma a iniciativa para pescar e de trazer para a praia a rede cheia de peixes (v. 11). Assim, se entrelaçam o reconhecimento do ressuscitado com o serviço missionário representado pela pesca. Sem esse reconhecimento, o trabalho é estéril (v.3), somente com Cristo torna-se fecundo (v.7). Os 153 peixes grandes simbolizam o grandioso sucesso da missão e seu caráter universal.
A Pedro é confiada a tarefa pastoral na Igreja (vv. 15-17). As três perguntas que Jesus faz a Pedro se o ama correspondem às três negações de Pedro. Pedro não ousa afirmar que ama o Senhor. Sua resposta é humilde, pois sabe de sua fraqueza e que sua tarefa é fundada na graça. Jesus pergunta a Pedro a partir de sua disponibilidade e é a partir daí que lhe é confiada a missão.
No v. 18 Jesus apresenta a Pedro a total disponibilidade que o discípulo deve ter para o seguimento. Caminhar com Jesus é assumir também seu destino: o martírio. Dessa forma, o serviço que Pedro assume no pastoreio deve ser feito num total dom de si. Esse dom só é possível para aquele que ama, ainda que não o faça “mais que aos outros”. Esse amor incondicional, que o próprio Cristo vivenciou, Pedro aprenderá em sua caminhada, por enquanto sua própria entrega foi o reflexo desse amor.
2. I Leitura (At 5,27b-32.40b-41): Dignos de sofrer pelo nome de Cristo
Os apóstolos forma conduzidos ao Sinédrio e o sumo sacerdote os acusou de desobedecerem a proibição de não proclamarem o nome de Jesus. Em nome da Lei divina, o Sinédrio condenou Jesus e a divulgação de sua ressurreição representava uma dura acusação contra aquele tribunal, pois se Deus ressuscitou o condenado isso significava seus juízes eram culpados e que ele era inocente.
Pedro respondeu que iria obedecer primeiramente a Deus e não a autoridades humanas. Acrescentou ainda a assistência do Espírito Santo no encargo de testemunhar tanto a morte, quanto a ressurreição de Jesus.
O Sinédrio, então intimou os apóstolos a que não falassem mais no nome de Jesus. Mandou açoitá-los e soltá-los. A conduta deles após os açoites indica que ficaram felizes por serem achados dignos de sofrer por causa do nome de Jesus. As injúrias significavam que eles estavam de fato fazendo a vontade de Deus, caso contrário não teriam incomodado ninguém e suas palavras teriam sido bem aceitas.
3. II Leitura (Ap 5,11-14): O Cordeiro é digno de louvor e adoração
O capítulo 5 de Apocalipse tem como tema central Jesus Cristo o redentor, glorioso e vencedor, que traz em suas mãos os destinos da história. João contempla um número incontável de seres que proclamam a dignidade do Cordeiro. Os sete títulos (poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor) indicam a plenitude da dignidade e da obra redentora de Cristo e perfeita glorificação daquele que a realizou.
Nos versículos 13 e 14, o cântico que começou no céu, se estende por todos os âmbitos da criação, em exclamações de louvor unidas à liturgia celeste.
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
Destacar as inúmeras dificuldades sofridas por quem está engajado na propagação do Reino de Deus na terra. Animar as pessoas, que passam por diversos tipos de sofrimentos e tribulações, a se manterem firmes, alicerçadas nas fé de que o Cordeiro ressuscitado, vitorioso sobre a morte e o pecado está presente na vida das comunidades.
* Aíla L. Pinheiro de Andrade é membro do Instituto Religioso Nova Jerusalém. Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará e em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), onde também cursou mestrado e doutorado em Teologia Bíblica. Leciona na Faculdade Católica de Fortaleza e em diversas outras faculdades de Teologia e centros de formação pastoral. (ailapinheiro@bol.com.br)