XII Domingo do Tempo Comum
Por Ir. Ana Alencar, NJ*
A Igreja dedica uma solenidade para o Nascimento de João, o Batista, para celebrar de maneira sublime toda expecttiva na vinda gloriosa de nosso salvador Jesus Cristo.
Afinal quem é esse João Batista? Filho de Zacarias e Isabel, seu nascimento anuncia a chegada dos tempos messiânicos e um novo rito de purificação (Mc 3, 13-17).
É por meio desse batismo que João quer mostrar que toda santidade vem e Deus e que diferente do tradicional rito de purificação dos judeus, agora é preciso que alguém se torne ministro do batismo e receba isso de forma ordinária e com um significado mais abrangente.
1ª LEITURA Isaías 49, 1-6
1.Ilhas, ouvi-me; povos de longe, prestai atenção! O Senhor chamou-me desde meu nascimento; ainda no seio de minha mãe, ele pronunciou meu nome.2.Tornou minha boca semelhante a uma espada afiada, cobriu-me com a sombra de sua mão. Fez de mim uma flecha penetrante, guardou-me na sua aljava.3.E disse-me: Tu és meu servo, (Israel), em quem me rejubilarei.4.E eu dizia a mim mesmo: Foi em vão que padeci, foi em vão que gastei minhas forças. Todavia, meu direito estava nas mãos do Senhor, e no meu Deus estava depositada a minha recompensa.5.E agora o Senhor fala, ele, que me formou desde meu nascimento para ser seu Servo, para trazer-lhe de volta Jacó e reunir-lhe Israel, (porque o Senhor fez-me esta honra, e meu Deus tornou-se minha força). 6.Disse-me: Não basta que sejas meu servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os fugitivos de Israel; vou fazer de ti a luz das nações, para propagar minha salvação até os confins do mundo.
A primeira leitura do livro de Isaías é o segundo canto do Servo que propõe expor o chamado e sua finalidade, esclarecimentos sobre a pessoa e a missão do Servo.
Inicialmente já podemos sentir o tom universal da salvação na missão do servo: “Ilhas, povos distantes” v. 1. O chamado dele é anterior ao seu nascimento e o seu nome pronunciado pela boca do Senhor indica predestinação e auxílio divino. Seu papel é apresentar a grandeza de Deus em sua missão no povo de Israel. O profeta assim não confia em suas forças nem em suas capacidades que já indicara impossibilidade. Ele tem confiança inabalável em IAHWEH. A missão que inicialmente se restringia a Israel agora é estendida as outras nações pela pregação poderosa do Servo. Além do chamado ao serviço, o servo também se torna uma luz indicadora para as nações e a salvação é o bom êxito dessa missão, pois é a finalidade do chamado que o Senhor está fazendo ao Servo do IAHWEH.
2ª LEITURA Atos dos Apóstolos 13, 22-26
22.Depois, Deus o rejeitou e mandou-lhes Davi como rei, de quem deu este testemunho: Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará todas as minhas vontades.23.De sua descendência, conforme a promessa, Deus fez sair para Israel o Salvador Jesus.24.João tinha pregado, desde antes da sua vinda, o batismo do arrependimento a todo o povo de Israel.25.Terminando a sua carreira, dizia: Eu não sou aquele que vós pensais, mas após mim virá aquele de quem não sou digno de desatar o calçado.26.Irmãos, filhos de Abraão, e os que entre vós temem a Deus: a nós é que foi dirigida a mensagem de salvação.
Paulo inicia o seu discurso falando da maneira em que Deus suscitou Davi como modelo para o surgimento de Jesus. O testemunho de João pertence ao tempo da promessa. Isso nos mostra que João tinha consciência de sua missão e que por isso deveria sempre buscar apontar para aquele a quem tinha sido enviado e assim não deixar que as pessoas o buscassem como salvação, missão única em Jesus. Daí que falar da descendência dos antepassados como aqueles escolhidos por Deus, favorecia ver Jesus como descendente dos mesmos e dá legitimidade ao papel de João que foi pequeno diante da missão de Jesus.
EVANGELHO Lucas 1, 57-66.80
57.Completando-se para Isabel o tempo de dar à luz, teve um filho.58.Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe manifestara a sua misericórdia, e congratulavam-se com ela.59.No oitavo dia, foram circuncidar o menino e o queriam chamar pelo nome de seu pai, Zacarias.60.Mas sua mãe interveio: Não, disse ela, ele se chamará João.61.Replicaram-lhe: Não há ninguém na tua família que se chame por este nome.62.E perguntavam por acenos ao seu pai como queria que se chamasse.63.Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu nela as palavras: João é o seu nome. Todos ficaram pasmados.64.E logo se lhe abriu a boca e soltou-se-lhe a língua e ele falou, bendizendo a Deus.65.O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos; o fato divulgou-se por todas as montanhas da Judéia.66.Todos os que o ouviam conservavam-no no coração, dizendo: Que será este menino? Porque a mão do Senhor estava com ele. 80.O menino foi crescendo e fortificava-se em espírito, e viveu nos desertos até o dia em que se apresentou diante de Israel.
COMPLETOU-SE O TEMPO… ALEGRARAM-SE… O NOME…
O relato do nascimento de João inicia-se com o “completou-se o tempo” para manifestar que Deus age na história em cumprimento das promessas anteriores. A maneira de Deus atuar sua salvação é na vida do ser humano, pois é a ele que Deus quer salvar e resgatar. A notícia desse nascimento traz a todos a alegria, característica muito particular do evangelista Lucas, que entende que essa boa nova mudará a história do mundo e por isso a alegria como resposta ao feito misericordioso de Deus em Isabel.
A circuncisão é a forma com que João se torna integrado ao povo de Israel. Para Lucas a maneira de ligar o cristianismo ao judaísmo.
O nome João, que significa: IAHWEH MOSTROU FAVOR, é inspirado por Deus, já que Zacarias além de mudo ficou surdo, não conseguia ouvir Isabel falar o nome, mas o confirmou escrevendo na tábua.
Ao aceitar o plano de Deus e sendo testemunha da intervenção milagrosa de Deus em Isabel e na sua casa, Zacarias volta a falar e suas primeiras palavras são de louvores a Deus num ato de gratidão e reconhecimento do poder de Deus e do seu plano de salvação a partir daquele menino.
O medo sentido pelo povo mostra o encontro da expectativa do povo com a grande realização de Deus naquele momento. João é levado ao deserto para o momento de sua atuação como profeta de Altíssimo. Por enquanto, Deus está agindo, pois a mão do Senhor agia e ele crescia e fortalecia em espírito.
“Celebrar o nascimento de João é experimentar, como Isabel, Zacarias e os vizinhos, a manifestação da bondade de Deus, que transforma e fecunda a vida. É fazer a experiência da fé e da esperança no Deus misericordioso e compassivo, que ouve nosso clamor e nos socorre em meio aos sofrimentos e às aflições. É sentir que Deus continua soltando nossa língua para que tenhamos a coragem de vencer o medo e proclamar a justiça e a libertação. Como João Batista, possamos ser sinais proféticos de esperança, para anunciar o caminho da salvação e testemunhar Jesus Cristo, a luz que ilumina e liberta todos os povos. O jeito despojado de João Batista viver, entregue ao serviço de Deus, na gratuidade, é testemunho de vida, apelo à conversão”. (mariaportadoceu.blogspot.com.br)
* Graduada em Teologia pela FCF. Atualmente cursa especialização em estudos bíblicos pela mesma instituição.